O relevo do Monte Sinai é desértico com temperaturas que variam de 47º C durante ao dia à -9º C durante a noite, a vegetação característica da região não favorece a ocupação humana, no entanto algumas famílias de beduínos[1] ainda resistem na região, essas famílias vivem do comércio relacionado às peregrinações que ocorrem na Montanha de Deus.
A água é um recurso precioso no deserto, água de poço é quase inexistente e as das chuvas são ainda mais raras, essas ocorrem pelo menos duas vezes ao ano, mas a sua presença quase não é percebida devido à rápida evaporação. Projetos urbanísticos do atual governo pretendem povoar a região após obras de irrigação que irão proporcionar o aumento das áreas cultiváveis.
A região da Península do Sinai fica localizada entre o continente africano e o asiático sendo o Egito considerado uma nação transcontinental, mas a maior parte da população se concentra as margens do Nilo e a maior parte do território localiza-se no continente africano, essa nação segundo a divisão geopolítica pertence à África. A característica do deserto é única: areia, pedra, um céu azul sem nuvem e o sol reluzente no firmamento fustigando o corpo humano que se desidrata rapidamente e um reflexo solar nas areias do deserto que prejudica irreversivelmente a visão.
A subida do monte é repleta de obstáculos e somente a certeza do encontro pessoal com Deus garante a força necessária para vencer os desafios. O ponto mais elevado a 2.215 metros acima do nível do mar é o objetivo da caminhada o mesmo ponto onde o profeta recebeu as leis de Deus, do alto a visão é de um mar de areia e a impressão é de causar surpresa, pois o deserto parece não ter fim e suas areias se perdem no horizonte.
Com uma história milenar a península é importante para o Egito desde a antiguidade, os faraós do passado glorioso, tinham percebido a grande importância estratégica que aquela região conferia ao império. Por aquelas terras as tropas de Ramsés II[2] cruzaram para combater os Hititas e segundo Paul Johnson provavelmente foi no reinado de Ramsés II, que os hebreus sofreram com os trabalhos forçados e iniciaram o Êxodo.
Com efeito, há muitas provas convincentes de que no período de opressão egípcia, que, por fim, levou os israelitas a revoltarem-se e a escapar, ocorreu nas proximidades do último quarto do século do segundo milênio a.C., e quase certamente no reino do famoso Ramsés II. (Paul Johnson, p.36)
O calor intenso e uma sede constante geraram uma das maiores crises que Moisés enfrentou ao atravessar o deserto, manter o suprimento de água para o povo que se rebelava acreditando que a morte era certa e que a melhor solução seria retornar para o Egito. Conforme as narrativas bíblicas, o líder dos hebreus encontra uma fonte de água no deserto, essa, no entanto, era salobra e a providência divina de um Deus que zelava por seu povo, agiu através do seu escolhido ao qual com uma vara tocou na fonte e esta se tornou agradável para o povo consumi-la.
A região está integralmente inserida no relato bíblico do Antigo Testamento onde segundo os registros, no Monte Sinai Deus entregou os Dez Mandamentos para Moisés, no centro-sul da Península do Sinai, Egito, local sagrado para as três religiões monoteístas: cristianismo, judaísmo e islamismo.
A história de Moisés segundo as escrituras inicia-se as margens do Nilo atravessando o deserto e as margens do Mar Vermelho,[3] onde o maior desafio da fé é colocado em questão, o povo de Israel o atravessa com tranqüilidade enquanto o exército do Faraó é consumido pelas águas. Sua importância religiosa atraiu peregrinos ao longo dos anos, um dos exemplos importantes foi a visita da Imperatriz Helena de Bizancio, mãe do imperador Contantino o Grande[4], no século IV, que fez ali contruir uma igreja, a Capela da Sarça Ardente, a exemplo da igreja também construída em Jerusalém o local suposto do Santo Sepulcro, fortalecendo assim a posição do imperador Contantino diante da nova força que emergia, o Cristianismo.
No Sinai foi estabelecido pela igreja romana, uma comunidade monástica e monges prontos para proteger o santo local do ataque dos povos do deserto, hostis a nova religião que emergia do judaísmo, com a nova mensagem que Jesus trouxe ao mundo, o imperador Justiniano I,[5] mandou construir uma muralha à volta da igreja, no ano 542 e atualmente o Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina é tombado como Patrimônio da humanidade pela UNESCO.
Após atravessar o deserto, o mar, Moisés chega a uma região hoje conhecida como o deserto do Sinai o calor de 37°C ao dia com a umidade do ar a 25%, aumentando ainda mais a sensação térmica de calor, dificultando a presença do povo naquela região inóspita. Ao sopé da Montanha de Deus existe uma plataforma que é capaz de comportar mais de 60.000 pessoas, é provável que neste local os israelitas tenham espero por Moisés com as Tábuas da Lei e onde fora erguido o primeiro Tabernáculo. Por quatro vezes Moisés subiu a presença do Senhor na última vez ele recebeu a Lei, esse tempo foi de quarenta dias e quarenta noites, tempo em que o povo de Israel se rendeu ao paganismo[6] provocando a ira de Deus que fora aplacada pelo profeta que intercedeu pelo povo escolhido.
A região através dos milênios foi dominada por vários povos: egípcios, ptolomeus, romanos, bizantinos, mulçumanos, britânicos, israelenses e atualmente voltou para o domínio egípcio após o acordo de paz de Campo David (26 de março de 1979) acordo esse que o Egito reconhecia a soberania do Estado de Israel, e os israelenses devolveriam a Península do Sinai ao domínio egípcio.
A geografia da região tem seus relevos diferenciados o clima desértico desfavorece as caminhadas durante o dia, sendo essas feitas geralmente durante a noite. O Monte Sinai é a montanha de Deus, um local de difícil acesso que exige do fiel uma força espiritual e humana fora do comum, precisavam então estar preparados para superar as dificuldades físicas, a caminhada exige para os bem preparados fisicamente pelo menos uma hora e meia de subida sendo essa feita no período noturno devido à dificuldade encontrada pelo calor escaldante durante o dia.
O período noturno oferece o frio do deserto e estar agasalhado é tão necessário quanto estar hidratado, o horário mais apreciado é o nascer do sol, sob o olhar atento dos fiéis a esfera solar desponta no horizonte do deserto causando a impressão da chama divina, estando apoiado sobre o Monte de granito vermelho. A subida ao monte pode ser feita por dois caminhos: o original, que consiste numa subida de mais de 4.000 degraus, ou outro, já adaptado pelos beduínos, onde se caminha por 7 km, mais a subida final é de 750 degraus. Na parte inferior além da plataforma capaz de comportar o povo israelita, que esperava o retorno de Moisés que recebia as Tábuas da Lei, existe uma caverna onde o profeta Elias teria passado 40 dias e noites em comunhão com Deus. Os sábios e os escritores judeus se esforçaram para comprovar que Moisés não era uma figura sobre-humana, diferente das outras culturas do mundo Antigo[7], esse fato ficou comprovado pelas escrituras que apresentam um homem com fraquezas humanas.
Podemos concluir que o Monte Sinai é um Monte separado para sagrado, o local onde a justiça se manifestou, já que foi lá que Deus deu um código jurídico e de ética, para o seu povo. Um lugar inóspito, sem vida, mas a partir deste Monte é que foi legitimada a nação dos israelitas, o começo da apropriação da terra prometida, e onde se consolidou a aliança entre o povo e seu Deus único.
[1] Beduínos (“que vive no deserto”) constituem um grupo nômade e vivem nos desertos do Oriente Médio e do norte da África.
[2] Ramsés II foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia, uma das dinastias que compõem o Império Novo. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e 1213 a.C. O seu reinado foi possivelmente o mais prestigioso da história egípcia tanto no aspecto econômico, administrativo, cultural e militar.Algumas fontes relatam ser esse o farao do Êxodo dos judeus.
[3] Também conhecido como mar dos juncos.
[4] Constantino I, também conhecido como Constantino Magno ou Constantino, o Grande ( Naissus, 272 – 22 de maio de 337), foi um imperador romano, proclamado Augusto pelas suas tropas em 25 de julho de 306 e governou uma porção crescente do Império Romano até a sua morte.22 de maio 337 oficializou o cristianismo.
[5] Flávio Pedro Sabácio Justiniano( Taurésio – 11 de maio de 483; Constantinopla – 13 ou 14 de novembro de 565), conhecido simplesmente como Justiniano I ou Justiniano, o Grande, foi imperador bizantino desde 1 de agosto de 527até à sua morte.14 de novembro 565.
[6] O povo israelita estava no Egito, a algumas gerações, e o Egito cultuava a diversos deuses.
[7] Culturas mitológicas de semideuses.
“Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria” (Sl 137.5-6).
Alexandre Magno conquistou Jerusalém em 332 a.C.
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O rei Davi fez de Jerusalém a capital de seu reino e o centro religioso do povo judeu em 1003 a.C. (2 Sm 5.7-12). Cerca de 40 anos mais tarde, seu filho Salomão construiu o templo (centro religioso e nacional do povo de Israel ) e transformou a cidade em próspera capital de um império que se estendia do Eufrates até o Egito (1 Rs 6 a 10).
Nabucodonosor, rei de Babilônia, conquistou Jerusalém em 586 a.C., destruiu o templo e exilou seu povo (Dn 1.1-2). Cinqüenta anos depois, com a conquista de Babilônia pelos persas, o rei Ciro permitiu que os judeus retornassem à sua pátria e lhes concedeu autonomia. Eles construíram o segundo templo no local do primeiro e reconstruíram a cidade e suas muralhas (Ed 6; Ne 3 a 6).
Alexandre Magno conquistou Jerusalém em 332 a.C. Após sua morte, a cidade foi governada pelos ptolomeus do Egito e mais tarde pelos selêucidas da Síria. A helenização da cidade atingiu o auge sob o rei selêucida Antíoco IV (Epifânio); a profanação do templo e a tentativa de anular a identidade religiosa dos judeus deram origem a uma revolta.
Liderados por Judas Macabeu, os judeus derrotaram os selêucidas, reconsagraram o templo ( 164 a.C.) e restabeleceram a independência judaica sob a dinastia dos hasmoneus, que se conservou no poder durante mais de 100 anos, até que Pompeu impôs a lei romana a Jerusalém. O rei Herodes (Lc 1.5), o edomita que foi posto no poder pelos romanos para governar a Judéia (37- 4 a.C.), estabeleceu instituições culturais em Jerusalém, construiu majestosos edifícios públicos e remodelou o templo, transformando-o num edifício de glorioso esplendor.
A revolta dos judeus contra Roma irrompeu em 66 d.C., pois o governo romano tornara-se cada vez mais opressivo após a morte de Herodes. Durante alguns anos Jerusalém esteve livre da opressão estrangeira, até que em 70 d.C. as legiões romanas comandadas por Tito conquistaram a cidade e destruíram o templo. A independência judaica foi restaurada por breve período durante a revolta de Bar-Kochba (132-135 d.C.), mas os romanos novamente triunfaram. Os judeus foram proibidos de entrar em Jerusalém; o nome da cidade foi mudado para Aelia Capitolina e os romanos a reconstruíram, dando-lhe as feições de uma cidade romana.
A revolta dos judeus contra Roma irrompeu em 66 d.C.
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Os exércitos muçulmanos invadiram o país em 634 d.C.
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Por um século e meio, Jerusalém foi uma pequena cidade de província. Esse quadro modificou-se radicalmente quando o imperador bizantino Constantino transformou Jerusalém em um centro cristão. A Basílica do Santo Sepulcro d.C.) foi a primeira de um grande número de majestosas construções que se ergueram na cidade.
Os exércitos muçulmanos invadiram o país em 634 d.C. e quatro anos mais tarde o califa Omar conquistou Jerusalém. Somente durante o reinado de Abd el-Malik, que construiu o Domo da Rocha (Mesquita de Omar) em 691 d.C., Jerusalém foi por um rápido período a residência do califa. Após um século de domínio da dinastia omíada de Damasco, Jerusalém passou, em 750 d.C., a ser governada pela dinastia dos abássidas de Bagdá, em cuja época começou o declínio da cidade.
Os cruzados conquistaram Jerusalém em 1099 d.C., massacraram seus habitantes judeus e muçulmanos e fizeram da cidade a capital do Reino Cruzado. Sob o domínio dos cruzados, sinagogas foram destruídas, velhas igrejas foram reconstruídas e muitas mesquitas transformadas em templos cristãos. Os cruzados dominaram Jerusalém até 1187 d.C., quando a cidade foi conquistada por Saladino, o curdo.
Os turcos otomanos, cujo domínio se prolongou por quatro séculos, conquistaram a cidade em 1517 d.C.
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Os mamelucos, que eram a aristocracia feudal militar do Egito, governaram Jerusalém a partir de 1250 d.C. Eles construíram numerosos e elegantes edifícios, mas viam a cidade apenas como um centro teológico muçulmano e a arruinaram economicamente, por seu desleixo e impostos exorbitantes.
Os turcos otomanos, cujo domínio se prolongou por quatro séculos, conquistaram a cidade em 1517 d.C. Suleiman, o Magnífico, reconstruiu as muralhas de Jerusalém (1537), construiu o Reservatório do Sultão e instalou fontes públicas por toda a cidade. Após sua morte, as autoridades centrais de Constantinopla demonstraram pouco interesse por Jerusalém. Durante os séculos XVII e XVIII, Jerusalém viveu um de seus piores períodos de decadência.
Jerusalém tornou a prosperar a partir da segunda metade do século XIX. Um crescente número de judeus que retornavam à sua pátria ancestral, o declínio do Império Otomano e o renovado interesse da Europa pela Terra Santa foram os fatores do reflorescimento da cidade.
O exército britânico, comandado pelo general Allenby, conquistou Jerusalém em 1917. Entre 1922 e 1948, Jerusalém foi a sede administrativa das autoridades britânicas na Terra de Israel (Palestina), que fora entregue à Grã-Bretanha pela Liga das Nações após o desmantelamento do Império Otomano no final da Primeira Guerra Mundial. A cidade desenvolveu-se rapidamente, crescendo rumo ao oeste, parte que se tornou conhecida como a “Cidade Nova”.
Jerusalém foi reunificada em junho de 1967.
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Com o término do Mandato Britânico em 14 de maio de 1948 e de acordo com a resolução da ONU em 29 de novembro de 1947, Israel proclamou sua independência e Jerusalém tornou-se a capital do país. Opondo-se ao estabelecimento do novo Estado, os países árabes lançaram-se num ataque de várias frentes, o que deu origem à Guerra da Independência em 1948-49. As linhas de armistício, traçadas ao final da guerra, dividiram Jerusalém em duas partes: a Cidade Velha e as áreas ao seu redor, ao norte a ao sul, ficaram sob o domínio da Jordânia; Israel reteve o controle das partes ocidental e sudoeste da cidade.
Jerusalém foi reunificada em junho de 1967, em resultado de uma guerra na qual a Jordânia tentou apoderar-se da parte ocidental da cidade. O quarteirão judeu da Cidade Velha, destruído sob o domínio jordaniano, foi restaurado e os cidadãos israelenses puderam de novo visitar os seus lugares santos, o que lhes tinha sido negado desde 1948 até 1967.
A presença Judaica em Jerusalém através dos Séculos |
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O Natal está chegando e, para quem sabe que a data marca algo mais do que a visita de Papai Noel, aumenta o interesse em conhecer os lugares onde Jesus Cristo nasceu, viveu, pregou o Evangelho, foi crucificado e ressuscitou. Há vários tipos de pacotes de viagem para Israel, que também é o berço do Judaísmo e abriga lugares santos para os muçulmanos. Enfim, é uma região com uma geografia fascinante e de uma importância histórica e religiosa inigualável.
Afinal, que outro lugar do mundo se iguala a Jerusalém antiga nesse quesito? O visitante sai do Muro das Lamentações (o lugar mais santo dos judeus, onde acreditam entrar em contato direto com Deus), caminha poucos passos até chegar ao Domo da Rocha (o terceiro lugar do mundo mais sagrado dos muçulmanos, de onde Maomé teria subido aos céus) e alguns metros adiante chega à Via Dolorosa, o caminho que Jesus percorreu, carregando a cruz, até o sacrifício final. Você já viu algo parecido?
O turismo em Israel tem crescido muito. Em 2008, 31 mil brasileiros visitaram o país, um aumento de 55% em relação a 2007, segundo dados do Ministério do Turismo de Israel. Os motivos são a valorização do real e a relativa paz na região nos últimos tempos. A tensão é latente, mas há muito tempo não se fala mais ataques suicidas ou bombardeios no país.
Israel está localizado no ponto de encontro de três continentes: a Europa, a Ásia e a África. A visita normalmente começa por Tel Aviv. Mistura de porta de entrada (tem porto e aeroporto) e centro comercial e financeiro do país, é uma cidade moderna, localizada na costa do Mediterrâneo. Ao longo da costa, há outra cidade moderna, Haifa, e lugares históricos, como Cesareia (cidade erguida pelo rei Herodes, com ruínas bem conservadas) e São João de Acre, com as muralhas de um castelo utilizado pelos cruzados.
Terra Santa em todo o seu esplendor
Os lugares sagrados se encontram no interior do país. Desde o norte, parte-se de Nazaré, onde José e Maria criaram o menino Jesus, e, descendo pelas montanhas da Galileia, chega-se ao Lago de Tiberíades (ou Lago de Genesaré ou Mar da Galileia, três nomes para o mesmo acidente geográfico). Às suas margens, há vários lugares sagrados para os cristãos, como as ruínas de Cafarnaum (onde Jesus pregou e onde moravam vários apóstolos, a começar de Pedro), a Igreja das Bem-Aventuranças (onde Jesus teria feito o Sermão da Montanha) e a de Tabgha, onde teria acontecido a multiplicação dos pães e peixes.
Seguindo em direção ao Sul, acompanha-se o Rio Jordão (do outro lado é a Jordânia), onde Jesus foi batizado por João Batista.. Chega-se a Jericó, a cidade mais antiga e mais baixa do mundo (200 metros abaixo do nível do mar), mas onde normalmente não se entra, porque está sob responsabilidade da Autoridade Palestina. O Jordão deságua no Mar Morto, ponto mais baixo da Terra, 400 metros abaixo do nível do mar, com suas águas extremamente salgadas, mas com propriedades de cura que atraem gente do mundo inteiro. Às suas margens fica a fortaleza de Massada, com uma vista imperdível do deserto e do mar.
A Jerusalém de todos os povos
Quase no centro de Israel está Jerusalém. A cidade histórica, cercada por uma persistente muralha, destruída e reconstruída através dos séculos por diferentes povos, é uma pequena parte da Jerusalém moderna, capital do país, que tem museus como o de Israel e o Santuário do Livro (que guarda os manuscritos do Mar Morto).
A Jerusalém antiga suscita os mais diversos sentimentos. É impossível ficar indiferente ao andar por suas ruas estreitas com comércio intenso, ver tantos lugares sagrados tão próximos, cruzar com judeus ortodoxos totalmente vestidos de preto e que passam entre mulheres muçulmanas cobertas com véus, enquanto cristãos refazem a Via Sacra, parando nas 14 Estações até chegar à Igreja do Santo Sepulcro. A apenas cinco quilômetros de Jerusalém, na Cisjordânia, está Belém, que é o lugar mais procurado na época de Natal - afinal, foi lá que Jesus nasceu. Também está sob a Autoridade Palestina, o que torna a visita um pouco complicada.
De Israel é possível dar uma esticadinha até a Jordânia, onde há vários pontos turísticos importantes, como o Castelo de Ajlun, o Monte Nebo (de onde Moisés viu a Terra Prometida), Jerash (as ruínas romanas mais bem conservadas do Oriente Médio) e, claro, Petra, uma das sete maravilhas do mundo atual. As distâncias geográficas são curtas e não se demora mais de uma hora para ir de carro ou ônibus das capitais Jerusalém e Amã até a fronteira com o país vizinho. O problema é que se leva pelo menos duas horas, se tudo correr bem, para realizar os trâmites de saída de um país e de entrada no outro - isso porque eles declararam paz há mais de dez anos.
Dicas de viagem
1) Há várias maneiras de se chegar a Israel. A El Al, empresa aérea do país, já dispõe de voo direto São Paulo-Tel Aviv, mas o brasileiro pode viajar por qualquer empresa aérea europeia, porque elas têm conexão.
2) O clima em Israel é agradável durante praticamente todo o ano, mas justamente na época de Natal há mais frio. Na costa, a temperatura é bastante estável, mas em Jerusalém, a mais de 700 metros acima do nível do mar, a variação é bem grande. Na Jordânia, o calor é maior, por influência do clima do deserto.
3) A moeda israelense é o shekel, mas praticamente em todos os lugares o dólar é aceito sem problemas. Na Jordânia, a moeda é o dinar, que (não se assuste!) vale o mesmo que o euro.
4) Tenha o passaporte sempre à mão, embora bem protegido. Se você está acostumado com outros lugares, onde se mostra o documento apenas ao entrar e sair do país, saiba que a realidade de Israel é outra e há barreiras policiais até na estrada, a caminho de Jerusalém, e antes de chegar ao aeroporto.
5) Tanto em Israel quanto na Jordânia, é muito fácil encontrar guias ou mesmo comerciantes que falam espanhol. Mas, se você só entende português, terá algumas dificuldades.
A bíblia tem sido a fonte do grande impacto que este pequeno povo (com um número de aproximadamente 13 milhões) tem tido na cultura e na fé mundiais. Os seus primeiros cinco livros são conhecidos como a Torá, que significa ensinar, um termo que se expandiu para incluir uma grande quantidade de conhecimento judaico transcrito durante os séculos. Entretanto, para muitos judeus, os seus ensinamentos são destilados em um único comando pronunciado pela primeira vez por um sábio judeu há cerca de dois mil anos atrás: "Não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem consigo."
A bíblia contém os Dez Mandamentos (no livro bíblico Êxodos, 20:1-13), os ensinamentos morais incluem, entre outros, não só proibições de assassinato e roubo, mas também o comando de manter um dia de descanso semanal, o Shabat, uma marca da fé e da cultura judaica, e o comendo de honrar seu pai e a sua mãe. A bíblia é a base para os ensinamentos de Jesus e do cristianismo, e para o Novo Testamento.
Através dos séculos os judeus acrescentaram o Talmude aos seus textos sagrados. Este é um complemento à Bíblia, que se desenvolveu principalmente depois do povo judeu ser exilado da sua pátria, Israel (veja abaixo), mas lutou para manter conexões uns com os outros, com Deus e com a sua terra. Aprender a bíblia e o Talmude, e o estudo em geral, se tornaram um elemento importante da cultura judaica, como também a antiga língua da bíblia, o hebraico, que foi renovado nos tempos modernos.
Talvez a história mais famosa da bíblia seja o Êxodo, no qual Moisés liderou o povo, então chamado de israelitas e dividido em 12 tribos, da escravidão do Egito para a liberdade. Eventualmente os israelitas entraram na Terra de Israel que, de acordo com a bíblia, Deus prometeu ao primeiro patriarca, Abrão. As doze tribos são descendentes do Abrão através do seu neto, Jacó, que também era chamado Israel.
O evento melhor conhecido na vida de Abrão foi quando Deus o testou chamando-o para sacrificar o seu filho Isaque, apesar de Deus não realmente ter deixado que Abrão o fizesse.
Eventualmente os israelitas estabeleceram um reinado na terra de Israel, liderados por Saul, Davi, Salomão e outros reis. Eventualmente o reinado se dividiu nos ramos do norte e do sul. A parte do norte foi exiladas pelos assírios em 721 aC, e suas tribos desapareceram, tornando-se conhecidas como as Dez Tribos Perdidas.
Davi também é uma figura judia religiosa importante. Ele é o antepassado do salvador tão esperado (o Messias), e o autor de algumas das poesias religiosas mais emocionantes da bíblia, os Salmos. Davi também fez de Jerusalém a capital do povo judeu, comprando a terra no Monte Moriá onde Abrão foi testado, e onde posteriormente o grande santuário conhecido como o Templo seria construído
O Monte Moriá é conhecido hoje em dia como o Monte do Templo. Salomão construiu ali o Primeiro Templo em cerca de 950 aC, que foi destruído pelos babilônios, que exilaram os judeus de sua terra em 586 aC. Mas cerca de 50 anos depois os judeus retornaram e construíram o Segundo Templo, que foi embelezado pelo Rei Herodes perto da época de Jesus. Este também foi destruído em 70 AD pelos romanos.
O Monte do Templo no qual as mesquitas muçulmanas Cúpula da Rocha e Al-Aqsa se encontram hoje em dia, é um dos lugares mais bem conhecidos em Israel, como o Muro das Lamentações, o último remanescente do Templo de Herodes e um lugar sagrado judeu.
No século XIX Theodore Herzl, a quem muitas pessoas chamam do Moisés dos dias modernos, fundou um movimento político moderno para trazer os judeus de volta à antiga terra. O movimento era chamado Sionismo, da palavra "Sião", um nome para Jerusalém mencionado na bíblia. Desta forma, durante os séculos de exílio, os judeus nunca esqueceram a sua cidade sagrada. Quando o Estado de Israel foi fundado em 1948, Jerusalém se tornou a sua capital.
JERUSALÉM Através dos S Esculos |
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Uma vez que o nome é confirmado, de diferentes maneiras, pelo menos desde o século XIX AC, é uma cidade de origem cananita ou amorreia, significando provavelmente “a cidades do (deus) Shalim”, mas em hebreu provavelmente “a cidade da paz”. Em textos egípcios dos séculos XIX e XVIII AC, o nome pronunciar-se-á Urusalimum. Nas cartas de Amarna do século XIV AC aparece como Urusalim. Em aramaico chama-se Yerûshelem e em grego Ierosoluma e Ierousalem. Uma das mais importantes cidades do mundo, a Santa Cidade de três grandes fés: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Para os judeus, era o local onde se situava o templo e também a capital da nação. Para os cristãos é o cenário do sofrimento, morte, ressurreição e ascensão de Cristo. Para os muçulmanos é o local tradicional da ascensão de Maomé ao céu. Localiza-se a cerca de um terço da distância que vai desde a extremidade norte do Mar Morto até ao Mar Mediterrâneo, nas montanhas da Judeia. O nome Salém (Heb. Shalem), que surge duas vezes no VT (Gn 14:18; Sl 76:2), é provavelmente a forma abreviada do nome completo. É também por este nome que é mencionada nas tabuínhas cuneiformes de Tell Mardikh, a antiga Ebla (Síria) do final do 3º milénio AC. A cidade era conhecida pelo nome de Jebus no período dos juizes (Jz 19:10, 11) e na altura em que David a tomou (1Cr 11:4, 5). Isto aconteceu porque os seus habitantes eram chamados jebuseus. Este nome não está confirmado fora da Bíblia. O seu nome árabe actual é el-Quds, “aquela que é santa”, mas para todos aqueles que não são árabes - judeus, cristãos e outros - ainda é conhecida por Jerusalém. I - A Localização - A cidade fortificada de Jerusalém situa-se entre dois vales principais: o Cedrom a este e o Hinom a oeste e a sul. O planalto entre os dois vales onde a cidade está construída, está ligado ao planalto da Judeia, a norte. Este planalto está rudemente dividido em duas cordilheiras por um vale central, cujo nome não se encontra na Bíblia, mas que é denominado por Josefo como Vale Tyropoeon, ou “vale dos queijeiros”. Este vale era estreito e profundo mas no tempo dos macabeus encontrava-se cheio com os despojos de Acra, a fortaleza dos sírios, que Simão Macabeu demoliu. Actualmente, inicia-se na Porta de Damasco e é visível apenas como uma depressão superficial. As escavações efectuadas mostram que os escombros atingem uma profundidade de 30 metros. A cordilheira a Este atinge uma altura de cerca de 744 metros acima do nível do mar, num local onde o “castelo" (segundo algumas versões), ou “tenda” (segundo outras versões) de Antónia se situava, a norte do tempo. Este monte a norte da cordilheira oriental é chamado “o monte do templo”, ou “monte norte-oriental”. No VT surge como “Moriá" (Gn 22:2; 2Cr 3:1). A cordilheira oriental encontra-se dividida em duas secções (norte e sul) através de uma depressão superficial, actualmente cheia de despojos. A secção sul, o pontão que desce na direcção da junção dos vales Cedrom e Hinom, era o local original da cidade de David, que era conhecida por Jebus, Salém e Sião. A parte mais alta eleva-se a cerca de 695 metros acima do nível do mar. Esta área - a Jerusalém original - fica completamente fora das muralhas da cidade actual, que se situam a sul da área do templo. A cordilheira ocidental é mais alta do que a oriental, elevando-se a uma altitude de cerca de 777 metros acima do nível do mar, 30 metros mais alta do que o monte do templo. Não se conhecem os antigos nomes das diferentes elevações desta cordilheira ocidental mas o monte a sudoeste foi, por vários séculos, erradamente identificado com “Sião” e ainda tem este nome actualmente, embora a maior parte deste monte talvez nunca tenha sido incluído na antiga cidade até aos tempos helenísticos. Uma boa parte do monte a noroeste localiza-se agora na zona noroeste da actual Cidade Velha de Jerusalém e inclui, como sua mais famosa estrutura, a Igreja do Santo Sepulcro. O Vale de Cedrom, algumas vezes mencionado na Bíblia (2Sm 15:23; Jo 18:1, etc.) e actualmente chamado Wâdi en-Nâr, separa a cidade do Monte das Oliveiras, cujo pico mais alto se eleva a 835 metros acima do nível do mar. O Cedrom é um desfiladeiro estreito e profundo que serviu de apoio às defesas orientais da cidade. Nele se encontram as únicas fontes de água de Jerusalém: a nascente de Giom, nas vertentes ocidentais do vale; e Enrogel, um poço que se situa perto da confluência dos Vales de Hinom e Cedrom. O Vale de Hinom, actualmente chamado Wâdi er-Rabâbeh, é frequentemente mencionado no VT (Js 15:8; Js 18:16; etc.). É muito mais vasto do que o Cedrom e o Tyropoeon e as suas encostas são mais suaves. Este vale separa os montes mais altos a oeste e a sul da cordilheira sudoeste no planalto de Jerusalém. II - História - Não se sabe quando é que Jerusalém foi fundada mas algumas escavações puseram a descoberto evidências que provam que já existia durante a 12ª dinastia egípcia (século XIX e XVIII AC), altura em que alguns textos egípcios mencionam a cidade e os seus governantes amorreus, Yaqar-‘Ammu e Sasa‘-‘Anu, como sendo reais ou potenciais inimigos do Egipto. Durante este período, o VT menciona a cidade pela primeira vez sob o nome de Salém, cujo governante - Melquisedeque - era, na altura, um sacerdote do Deus Altíssimo e, portanto, com poder para abençoar Abraão e receber o dízimo do despojo que o patriarca tomara de Quedorlaomer e dos seus confederados (Gn 14:18-20). Jerusalém é mencionada no livro de Josué como sendo a cidade principal de uma coligação de cidades-estado cananeias que lutaram contra os israelitas. O seu rei, nessa altura, era Adonizedeque que, juntamente com os seus aliados, foi derrotado na batalha de Azeca, tendo sido capturado e executado por Josué (Js 10:1-27). Pouco depois, no tempo do rei Ikhnatom do Egipto, um rei chamado ‘Abdu-Heba ascendeu ao trono de Jerusalém. O seu nome significa “servo (da deusa hitita) Heba” e é possível que fosse de ascendência hitita. Se assim for, ele e os dois reis amorreus já mencionados seriam a prova de que a população que inicialmente habitava em Jerusalém incluía hititas e amorreus. Isto é reflectido nas palavras de Ezequiel, que disse de Jerusalém: “o teu pai era amorreu e a tua mãe heteia” (Ez 16:3; cf. vers. Ez 16:45). Entre as Cartas de Amarna encontram-se algumas que ‘Abdu-Heba escreveu a Ikhnaton e nas quais ele se queixa amargamente da invasão dos ‘Apiru, ou Habiru (provavelmente os hebreus) e da inactividade do Egipto, tendo daí resultado a captura do país secção por secção. Em Jz 1:8 encontra-se registado o relato da captura e destruição de Jerusalém levada a cabo por Judá após a morte de Josué, mas a esta vitória não se seguiu a ocupação da cidade pelos israelitas; Jerusalém permaneceu nas mãos dos cananeus ou jebuseus até à altura em que David a conquistou (Js 15:63; cf. Jz 19:11, 12). Depois que David foi coroado rei sobre todas as tribos de Israel, ele decidiu transferir a sua capital da importante cidade judaica de Hebrom para um local neutro. Escolheu, então, Jerusalém, que se situava na fronteira entre Judá e Benjamim mas que não pertencia a nenhuma destas tribos. Os jebuseus troçaram de David quando ele cercou a cidade, pois estavam convencidos de conseguirem manter nas suas mãos a bem fortificada cidade situada nas montanhas. Contudo, Joabe e os seus homens obtiveram acesso subindo pelo Sinnôr, que provavelmente se refere ao poço de água que ligava a nascente de Giom ao interior da cidade (2Sm 5:6-8). No tempo de David, ficou conhecida por “cidade de David” (1Cr 11:7; 2Sm 5:7). David construiu ali um palácio (2Sm 5:11) e também algumas fortificações (ver Ct 4:4), que menciona a torre de David; cf. 1Cr 11:8). Esta torre não é a mesma que se encontra na actual cidadela de Jerusalém, uma vez que esta última é uma das torres do palácio construído por Herodes, o Grande. David também construiu um local, ou estrutura, chamado “Milo” (2Sm 5:9; 1Cr 11:8). A partir de outros textos (1Rs 9:15, 24; 1Rs 11:27; 2Cr 32:5), é provável que Milo se situasse dentro da cidade e que fosse periodicamente alargado e fortificado. Aparentemente, fazia parte do sistema de fortificações da cidade no seu ponto mais fraco, que terá sido a extremidade norte do monte a sudeste. A LXX identifica-o com Acra, uma cidadela a sul do templo que ali permaneceu até aos dias de Judas Macabeu. O nome hebraico millô’, que significa “encher”, tem sido explicado de várias maneiras. Poderá ter sido uma muralha dupla cheia de terra, ou uma plataforma sobre a qual se construíram as fortificações. Quando David transferiu a arca para Jerusalém, colocou-a temporariamente numa tenda. Deus não permitiu que ele construísse um templo. Contudo, David preparou tudo para a sua construção e a eira de Araúna, que ele comprara, foi utilizada para tal efeito, tendo o templo sido construído por Salomão (2Sm 6:17; 2Sm 24:24; 1Cr 28:2, 3, Js 19-21; 2Cr 3:1). Quando David morreu, foi sepultado na cidade de David (1Rs 2:10). Todos os reis de Judá até Acaz foram sepultados no sepulcro real. A localização deste sepulcro ainda é desconhecida, embora uma comparação entre Ne 3:16 e os vers. Ne 3:15 e 3:26 pareça mostrar que ele se situava entre o poço de Siloã e a porta das águas. Foi sugerido que o percurso sinuoso do túnel de Siloã fosse o resultado de se tentar evitar os túmulos reais. Com Salomão, que era um grande construtor, despontou uma nova era para Jerusalém. A cidade foi alargada para norte e possivelmente para noroeste. O templo, que se encontrava rodeado por um pátio, foi erigido no monte a norte, a oeste da actual Catedral da Rocha que cobre a rocha onde se crê tenha estado o altar das ofertas queimadas (1Rs 6:1-38; 2Cr 3:1). Foi provavelmente entre o templo e a cidade de David que Salomão erigiu um palácio para si (1Rs 7:1), palácio esse, chamado “a casa do rei” (1Rs 9:1). Poderá ter-se tratado de um complexo de estruturas que incluía: ( uma “casa para a filha de Faraó”, que provavelmente fazia parte do harém (1Rs 7:8; 1Rs 9:24), podendo formar com o palácio uma única unidade. Este era provavelmente rodeado por um “outro pátio”, sendo talvez o mesmo local denominado por “meio do pátio” e “pátio da guarda” (1Rs 7:8; 2Rs 20:4; Jr 32:2; etc.); ( um pórtico ou ante-câmara (segundo algumas versões) do juízo (1Rs 7:7), onde se situava o trono; ( um pórtico de colunas, talvez a ante-câmara de audiências (vers. 1Rs 7:6), que era provavelmente uma entrada para a ante-câmara principal, se não se tratasse mesmo de um edifício separado; ( a “casa do bosque do Líbano”, possivelmente assim chamada porque os seus 45 pilares, compostos em três filas, foram construídos em madeira de cedro do Líbano. Salomão acrescentou, assim, toda uma nova zona à cidade e não haverá dúvidas de que a expansão da sua administração trouxe para Jerusalém muitas outras pessoas para quem era preciso providenciar residência. Esta nova zona foi, então, rodeada por uma muralha que circundou “Jerusalém em roda” (cap. 1Rs 3.1; cf. cap. 1Rs 9:1. Quando o reino se separou depois da morte de Salomão, mais de ¾ do seu reino foram tomados por Judá e Jerusalém perdeu muito da sua importância. Consequentemente, a cidade não voltou a expandir-se durante vários séculos, embora se fizessem algumas reparações de vez em quando, especialmente após alguma batalha. No tempo de Roboão, o filho de Salomão, Sisaque do Egipto conquistou Jerusalém, levando consigo muitos despojos (1Rs 14:25-28; 2Cr 12:2-11). Não se sabe se, nessa altura, a cidade caiu após o cerco, ou se sofreu algum dano, ou ainda se Roboão se rendeu sem luta. Foi também tomada por Joás, de Israel, no tempo do rei Amazias. Joás destruiu cerca de 183 metros da sua muralha ocidental, desde a Porta de Efraim até à Porta de Esquina (2Rs 14:13). Este dano perpetrado contra as fortificações de Jerusalém deve ter sido reparado, embora não esteja registado. Na verdade, não estão registadas quaisquer actividades de reparação ou construção entre os reinados de Salomão e Uzias, com excepção de algumas obras de reparação no templo levadas a cabo por Joás, de Judá (2Rs 12:4-15; 2Cr 24:4-14). O rei Uzias parece ter sido o primeiro rei em 200 anos a efectuar um qualquer tipo de construção apreciável em Jerusalém. Construiu algumas torres na Porta de Esquina, na Porta do Vale e nos ângulos da muralha (2Cr 26:9). O seu filho Jotão continuou a sua obra e construiu a Porta Superior do Templo, realizando também algumas obras no Muro de Ofel (2Cr 27:3). Do tempo de Ezequias também estão registadas grandes obras de construção. Este rei fez preparações febris para o fortalecimento das fortificações de Jerusalém, a fim de que a cidade fosse capaz de suportar um cerco por parte dos assírios. Construiu um grande túnel entre Giom e o tanque de Siloam (2Rs 20:20; 2Cr 32:4, 30) e, deste modo, conseguiu levar água até à cidade. Nessa mesma altura, ele construiu uma segunda muralha que circundou a parte sul do monte ocidental, tal como mostra a muralha descoberta por N. Avigad, trazendo para dentro das fortificações da cidade o tanque recentemente construído. Reconstruiu também o Milo na antiga cidade de David (2Cr 32:5; Is 22:10, 11). Embora muitas outras cidades fortificadas de Judá tivessem sido destruídas pelas forças invasoras de Senaqueribe no tempo de Ezequias (2Rs 18:13), Jerusalém foi poupada e emergiu ilesa deste período difícil (cap.2Rs 19:32-36). Manassés, filho de Ezequias, construiu uma segunda muralha a nordeste, perto da Porta do Peixe (2Cr 33:14). Não se sabe se Jerusalém sofreu durante o reinado de Manassés, embora esteja registado que ele foi levado cativo pelos asssírios e que passou algum tempo numa prisão babilónica (vers. 2Cr 11). Poderá ter-se rendido aos assírios sem luta, embora a cidade possa ter sido cercada e capturada. Pouco tempo depois, no reinado de Josias, menciona-se pela primeira vez Jerusalém “na segunda parte” (Heb. mishneh, segundo algumas versões, “colégio”), zona na qual Hulda, a profetisa, morava (2Rs 22:14; 2Cr 34:22; cf. Sf 1:10). Não é certo se isto se refere à nova zona acrescentada a Jerusalém por Manassés, ou à zona noroeste já fortificada no tempo de Salomão. O bom rei Josias fez reparações adicionais no templo (2Rs 22:3-7; 2Cr 34:8-13) e durante o seu reinado, Jerusalém experimentou uma grande reforma religiosa. Contudo, a sua morte repentina pôs fim a este último reavivamento espiritual e os seus sucessores caíram na idolatria e na impiedade. Como resultado, Jerusalém foi capturada três vezes num período de vinte anos: primeiro em 605 AC durante o reinado de Joaquim (Dn 1:1, 2); depois em 597 AC, altura em que Joaquim foi levado cativo (2Rs 24:10-16); e finalmente em 586 AC, no décimo-primeiro ano de Zedequias, quando Jerusalém foi destruída após um longo cerco e Zedequias foi levado cativo para Babilónia, com a maior parte da população de Judá (cap. 2Rs 25:1-21). Depois de Jerusalém ter permanecido em ruínas durante cerca de cinquenta anos, regressou de Babilónia o primeiro grande grupo de cativos conduzido por Zorobabel. Isto aconteceu provavelmente em 536 AC, setenta anos (inclusive) depois da primeira deportação em 605 AC (ver Jr 25:11, 12; Jr 29:10). Este grupo logo se predispôs a reconstruir o templo mas eles experimentaram tanta oposição por parte dos samaritanos, para além de outras dificuldades, que a obra só terá realmente começado no segundo ano de Dario I, em 520/19 AC; o templo ficou finalmente pronto e foi dedicado a Deus em 515 AC, no sexto ano de Dario I (Ed 1:1-4; Ed 3:1-13; Ed 4:1-5, 24; Ez 5:1 a 6:16). No sétimo ano de Artaxerxes I, Esdras foi autorizado a levar consigo para Jerusalém um segundo grupo de cativos (Ed 7:6 a 8:32). Ele reorganizou a província e estabeleceu uma administração baseada na lei judaica em 457 AC. Foi provavelmente nos anos que se seguiram que os judeus de Jerusalém começaram a reconstruir a muralha da cidade. Contudo, mais uma vez, foram impedidos pelos seus inimigos (Ne 1:3), até que Neemias conseguiu que Artaxerxes I o nomeasse governador. Neemias foi para Jerusalém em 444 AC e terminou as obras de reparação em algumas semanas, apesar dos muitos obstáculos (cap. Ne 2:1 a 4:23; Ne 6:15). A muralha de Neemias, sobre a qual existe informação detalhada (Ne 2:12-15; Ne 3:1-32; Ne 12:27-40), parece ter seguido a muralha da Antiga Cidade, tal como era na altura em que Jerusalém foi destruída por Nabucodonozor. Na sua descrição, ele menciona a maior parte das portas da cidade, assim como outras características topográficas, embora nem todas possam ser definitivamente identificadas. As localizações das várias portas da cidade, torres e outras estruturas referidas por Neemias são mencionadas sob os seus respectivos nomes em artigos separados. Pouco se sabe da história de Jerusalém nos 250 anos que se seguiram a Neemias. Josefo relata uma discussão que teve por base o sumo sacerdócio e durante a qual Joanã matou o seu irmão no templo. Por causa disso, o governador persa castigou severamente a nação. Josefo também fala de uma visita de Alexandre, o Grande, a Jerusalém, altura em que a profecia de Daniel (aparentemente o cap. 8) lhe foi explicada. De acordo com Josefo, isto causou-lhe uma tal impressão, que ele se tornou amigo dos judeus. No tempo dos sucessores de Alexandre, Jerusalém foi uma capital administrada pelos sumos sacerdotes, umas vezes sob a soberania dos Ptolomeus do Egipto e outras sob o domínio dos Seleucidas da Síria. Durante este período, Jerusalém foi grandemente influenciada pelo helenísmo. A língua, o modo de pensar, o modo de vestir e os costumes gregos tornaram-se moda, especialmente entre as classes dominantes que estavam em contacto directo com os estrangeiros. Uma facção, conhecida por Helenizadores, quis tornar Jerusalém numa cidade grega, tal como muitas outras fundadas ou reconstruídas pelos governantes helenísticos das áreas vizinhas. Para isso, criaram um ginásio grego e também implementaram os jogos atléticos. Mas o povo judeu opôs-se desesperadamente quando um dos governantes seleucidas, Antíoco IV Epifânio, fez uma tentativa determinada para helenizar os judeus à força, profanando o templo ao sacrificar animais impuros às deidades pagãs. Este facto esteve na origem da revolta macabeia e das guerras entre os sírios e os judeus, guerras das quais os macabeus saíram vencedores. Quando fizeram de Jerusalém a capital da sua nação independente, deu-se um grande crescimento, quer físico, quer em importância. A primeira mudança ocorreu quando Judas Macabeu tomou Jerusalém em 165 AC e rededicou o templo a Deus. Alguns anos mais tarde, o seu irmão Simão capturou a cidadela - Acra -, que parece ter-se localizado a sul do templo. Destruiu-a completamente, assim como o topo do monte onde ela se situava, usando os escombros para cobrir o Vale Tyropoeon Central, que se localizava entre as cordilheiras ocidental e oriental da cidade. Os governantes macabeus da Judeia construíram um palácio no monte ocidental que, nessa altura, se encontrava incluído no sistema defensivo da cidade. Construíram também uma cidadela a norte do templo, mais tarde conhecida por castelo, ou torre, de Antónia. Pompeu e o seu exército romano capturaram Jerusalém em 63 AC, derrubando parte da sua muralha. Crassus saqueou o templo em 54 AC e os parcianos pilharam a cidade em 40 AC. Três anos mais tarde, Jerusalém foi capturada por Herodes, o Grande. Este restaurou as muralhas e adornou a cidade com muitas novas estruturas, tais como um palácio com três torres, chamadas Hippicus, Phasaelus e Mariamne (onde a “Cidadela “ agora se situa), um ginásio, um hipódromo e um teatro. Reconstruiu também a fortaleza conhecida por “a torre”, ou “castelo” (segundo algumas versões), ou “barracas” (segundo outras versões) de Antónia (At 21:34, 37; At 22:24; etc.). Nesta altura, o templo tinha cinco séculos e precisava urgentemente de reparações. Herodes queria mais do que repará-lo; ele planeava reconstruí-lo completamente. Isso implicava muitas alterações nas muralhas e fortificações do templo. Esta sua mais ambiciosa obra começou em 20/19 AC. O edifício central do templo ficou completamente construído em dezoito meses mas as outras construções da grande área do templo só terminaram por volta de 64 DC, dois anos antes do eclodir da revolta judaica contra os romanos. Arquelau, o sucessor de Herodes, não realizou grandes construções mas Agripa I edificou o que ficou conhecido por terceira muralha. Alguns pensam que seguiu o percurso das muralhas norte e ocidental da actual Antiga Cidade, até à Porta de Jafa. Outros, contudo, acreditam que a terceira muralha percorre cerca de 460 metros a norte da actual Antiga Cidade, onde partes da velha muralha foram escavadas em vários locais, podendo, por isso, ser seguida durante alguns metros. Outros mantêm que a terceira muralha foi uma estrutura erigida à pressa no século II DC, por altura da revolta de Bar Cocheba. No tempo de Herodes, o Grande (37-4 AC), no tempo do seu filho Arquelau (4 AC - 6 DC) e no tempo de Agripa I (41-44 DC), Jerusalém foi a capital do país mas não durante os dois períodos em que os procuradores romanos governaram a Judeia (6-41 DC e 44-66 DC). Estes fizeram de Cesareia a sua capital e só iam a Jerusalém durante as festas mais importantes, para o caso de surgirem problemas. Geralmente, só uma guarnição se encontrava estacionada no castelo de Antónia, a fim de garantir a lei e a ordem na cidade. Quando eclodiu a revolta contra Roma na primavera de 66 DC, muito sangue foi derramado em Jerusalém. Sob a administração de Gessius Florus, o último procurador da Judeia, os judeus começaram a massacrar os gentios e estes passaram também a massacrar os judeus, até que toda a semelhança de ordem e governo desapareceu. Cestius Gallus, o emissário da Síria tomou o comando da Judeia e no outono de 66 DC marchou contra Jerusalém. Embora a certa altura tivesse atingido a muralha norte do templo, foi repelido e, por alguma razão desconhecida, retirou-se, perdendo muitos dos seus soldados nesse processo de retirada. Os cristãos, lembrando-se do aviso de Jesus (Mt 24:15-20), aproveitaram a oportunidade para saírem de Jerusalém, encontrando refúgio em Pela, na Pereia. Desde o final do ano 66 DC até à primavera de 70 DC, Jerusalém não sofreu qualquer ataque directo por parte dos romanos. Vespasiano, ao chegar ao país em 67 DC, seguiu o seu plano de o submeter ao seu controlo, permitindo que as várias facções políticas em Jerusalém se guerreassem, tornando-se, deste modo, cada vez mais fracas. Em 69 AC, quando Vespasiano foi proclamado imperador, a maior parte da Palestina encontrava-se nas mãos dos romanos mas transformara-se num deserto. Tito, o filho de Vespasiano, tomou o comando do exército e preparou-se imediatamente para capturar Jerusalém, a forte capital da Judeia. Durante os três anos de guerra com Roma, houve um grande influxo de pessoas que entrou em Jerusalém. Tinham chegado à cidade, sem cessar, ondas de refugiados, entre os quais se encontravam grupos de soldados pertencentes a diferentes facções e comandados por líderes rivais. João de Gischala, na Galileia, era o líder dos zelotes, que se estabeleceram na zona baixa do templo. Simão bar Giora, o líder dos saqueadores, ocupou a zona superior da cidade; e Eleazer, filho de Simão, também um líder rebelde, tomou conta da parte superior do templo. Quando Tito deu início ao cerco de Jerusalém, com 80.000 soldados romanos, em Abril de 79 DC, os três líderes e os seus seguidores encontravam-se envolvidos em batalhas sangrentas uns contra os outros. Foram lutas implacáveis que duraram todos os cinco meses do cerco romano, em que uma secção após outras foi capturada e a fome imperava. Mais de 100.000 judeus morreram na cidade entre o início de Maio e o final de Julho. Nessa altura, o castelo de Antónia foi tomado e os sacrifícios do templo terminaram. Em Agosto, de acordo com o relato de Josefo, o templo foi conquistado e, novamente sob o comando de Tito, foi queimado. O monte a sudoeste de Jerusalém, chamado “A Cidade Superior”, caiu nas mãos dos romanos em Setembro. Josefo declara que mais de um milhão de judeus perdeu a vida durante o cerco de Jerusalém e que outros 97.000 foram feitos prisioneiros, entre os quais se encontravam João de Gischala e Simão bar Giora. A cidade foi arrasada para que o mundo visse que até as mais fortes muralhas não podiam suster o exército romano. Somente três torres do palácio de Herodes e parte da muralha ocidental permaneceram de pé como monumentos da anterior glória de Jerusalém e a fim de servirem como posto militar para a guarnição romana. Jerusalém recuperou lentamente desta catástrofe mas quando o imperador Adriano a refortificou e começou a reconstruí-la como cidade gentílica, os judeus revoltaram-se novamente, desta vez sob o comando de Bar Cocheba, em 132 DC. Depois que esta revolta foi esmagada em 135 DC, a reconstrução da cidade foi retomada e terminada e todos os judeus foram banidos de lá. O seu nome passou a ser Colonia Aelia Capitolina, indicando que era uma colónia romana assim denominada em honra de Adriano, cujo nome completo era Publius Aelius Hadrianus, tendo também sido dedicada a Jupiter Capitulinus. O templo a este deus romano foi construído no local do antigo templo. Os cristãos também se instalaram em Jerusalém e no século IV, esta tornou-se praticamente numa cidade cristã. Helena, mãe de Constantino, construiu uma igreja no Monte das Oliveiras em 326 DC e em 333 DC, Constantino construiu a Igreja do Santo Sepulcro no local onde, supostamente, Jesus terá ressuscitado. A interdição contra os judeus foi levantada nessa altura. Em 614 DC, os persas, sob as ordens de Chosroes II, capturaram Jerusalém, destruíram a Igreja do Santo Sepulcro, massacraram milhares dos seus habitantes e levaram cativos outros tantos milhares. A cidade foi recapturada pelo imperador romano Heraclio quatorze anos mais tarde, rendendo-se aos árabes sob o comando de Omar em 638 DC. Desde então e na maior parte do tempo, esteve sob domínio muçulmano. O local onde o templo de situava tornou-se num valado muçulmano sagrado chamado Haram esh-Sherîf, onde se encontra o terceiro santuário muçulmano mais sagrado, a Catedral da Rocha (erradamente apelidada de Mesquita de Omar). Encontra-se no local onde se acredita ter-se situado o altar de bronze de Salomão. Na extremidade sul do valado está a Mesquita el-Aqsa. Embora existissem períodos em que os cristãos foram humilhados em Jerusalém, no seu todo não foram muito maltratados, sendo geralmente tolerados. A situação mudou quando os bárbaros turcos, denominados por Seljuk, tomaram Jerusalém em 1077 DC. Toda a Europa se mostrou indignada com as humilhações que os cristãos sofreram na Santa Cidade. Daí resultaram as cruzadas. Em 1099 DC, Jerusalém foi conquistada, sendo aí estabelecido um reino cristão que durou 88 anos. Em 1187, Saladim, sultão do Egipto e da Síria, tomou a cidade e reconstruiu as suas fortificações. Jerusalém foi devolvida aos cristãos por mais dois períodos: primeiro em 1229 DC, quando o Imperador Frederico II da Alemanha a obteve para si por meio de um tratado e os cristãos a mantiveram em seu poder durante dez anos e novamente em 1243 DC, quando foi incondicionalmente dada aos cristãos. Mas um ano mais tarde, foi tomada pelos turcos Khwarazm, depois caiu nas mãos dos egípcios e, em 1517, os turcos otomanos conquistaram-na, mantendo-a em seu poder até 1917, quando Jerusalém se rendeu aos britânicos, sob o comando do General Allenby. A actual muralha que rodeia a chamada Velha Cidade foi construída pelo sultão turco Suleiman, o Magnífico, em 1542. No tempo em que a Palestina foi um território sob governação britânica (1923-1948), Jerusalém foi a sua capital. Durante a guerra judaico-árabe em 1948, houve uma grande batalha em Jerusalém e o bairro judaico da Velha Cidade murada foi completamente destruído. Entre 1948 e 1967, a cidade foi dividida. A parte principal da cidade actual fora das muralhas, situando-se na sua maioria a oeste da Velha Cidade, ficou nas mãos dos israelitas e tornou-se na capital do Estado de Israel. A sua população, em 1967, elevava-se a cerca de 200.000 pessoas. A Velha Cidade, dentro das muralhas, ficou na posse dos árabes, formando parte do Reino Hachemita do Jordão. A nova cidade árabe espalhou-se para norte da Velha Cidade. A zona de Jerusalém na posse dos árabes possuía uma população de cerca de 70.000 pessoas em 1967. Como resultado da vitória israelita na guerra dos seis dias em 1967, Jerusalém foi reunificada e o bairro judaico que, dentro da Velha Cidade se encontrava destruído, foi reconstruído e repovoado pelos judeus. O estado legal da cidade não será decidido até que seja conseguido um ajustamento político para o país. III - História da Investigação Arqueológica em Jerusalém - A obra arqueológica tem sido levada a cabo em Jerusalém há mais de cem anos; por um lado, tem sido realizada por eruditos aí residentes, sacerdotes e outros e, por outro lado, por escavações organizadas. Ao primeiro grupo pertence Charles Clermont-Ganneau (1846-1923), que foi para Jerusalém em 1867 e viveu no Oriente durante vários anos. As suas descobertas, estudos topográficos e publicações tornaram-se num bom fundamento sobre o qual os outros eruditos construíram. Entre as suas mais importantes descobertas encontram-se as Inscrições Gregas de Aviso, que Herodes colocou no Templo, e duas inscrições tumulares do tempo de Ezequias, encontradas em Silwan. Um outro residente em Jerusalém durante muitos anos, um arquitecto, o Dr. Conrad Schick (1822-1901), foi incansável nas suas investigações, a fim de reconstruir a história antiga da Cidade Santa. Gustaf Dalman (1855-1941), o director do Instituto Arqueológico Alemão em Jerusalém, entre 1902 e 1914, L.-H. Vincent, da Escola Bíblica Francesa, durante meio século e W. F. Albright, durante dez anos director da Escola Americana de Investigação Oriental em Jerusalém ocupam o primeiro lugar entre os que clarificaram a extremamente difícil história arqueológica da Jerusalém antiga. As escavações sistemáticas iniciaram-se em 1867, quando Charles Warren trabalhou em Ofel para o recentemente formado Fundo de Exploração da Palestina. Através de profundos poços e túneis (para cima de 25 metros), ele localizou parte do que restava das primeiras muralhas. Às suas descobertas pertence a “muralha Warren de Ofel”, a sul da esquina sudeste de Haram esh-Sherîf, que data do tempo do antigo Israel. Descobriu também o poço que os jebuseus cavaram, a fim de providenciarem um acesso que fosse desde a cidade até à nascente de Giom. Fez também escavações junto à Porta da Corrente, em Haram esh-Sherîf, que provaram que a rua actual que dá acesso à Porta se dirige para o “Arco de Wilson”, um antigo viaduto que cruza o Vale Tyropoeon. Entre 1880 e 1881, Hermann Guthe, assistido por Conrad Schick, levou a cabo algumas escavações à volta da saída do túnel de Siloam, na vertente sul do monte a sudeste, pondo a descoberto porções da antiga muralha da cidade, na encosta este do monte a sudeste. Entre 1894 e 1897, Bliss e Dickie exploraram as fortificações a sul da antiga cidade para o Fundo de Exploração Palestiniano. Descobriram a antiga muralha a sudeste do Tanque de Siloam, puseram a descoberto a muralha que atravessava o Vale Tyropoeon, muralha essa que continuava pelas encostas a sul do monte a sudoeste. Durante as escavações clandestinas levadas a cabo, entre 1909 e 1911, pelo Capitão M. Parker (que procurava os tesouros escondidos do Templo), foi desimpedido o túnel de Siloam e L.-H. Vincent foi capaz de indicar no mapa este túnel e também outras partes dos antigos sistemas de água ligados à nascente de Giom. Em 1913, Raymond Weil deu início a umas escavações ambiciosas para o Barão E. de Rothschild, planeando sistematicamente colocar a descoberto toda a zona sul do monte a sudeste. O eclodir da Primeira Grande Guerra logo pôs termo a esta obra. Mas ele descobriu na parte sul do monte a sudeste uma grande torre redonda, provavelmente de origem hebraica. Encontrou também uma inscrição grega da sinagoga de Teodoto. Continuou as suas escavações durante mais uma época (1923 a 1924), durante as quais descobriu uma parte da muralha sul, colocando também a descoberto um túmulo que poderá ter pertencido à necrópole real dos reis de Judá; uma vez que os túmulos desta área há muito que se encontravam todos destruídos e não existia material que não tivesse sido estratigraficamente perturbado, a sua natureza continua incerta. Macalister e Duncan escavaram a zona este de Ofel entre 1923 e 1925 para o Fundo de Exploração da Palestina. A sua principal descoberta foi uma parte de uma fortaleza e de uma torre confinante, que eles interpretaram como pertencendo às fortificações jebusaicas e davídicas e que investigações posteriores mostraram que datavam do tempo de Neemias. Outra escavação importante, efectuada para a Escola Britânica de Arqueologia na Palestina e para o Fundo de Exploração da Palestina, foi levada a cabo por J. W. Crowfoot e G. M. Fitzgerald na zona ocidental do monte a sudeste em 1927. Eles descobriram uma porta da cidade, talvez a “Porta do Vale” do VT, com uma estrada que ia desde esta porta até ao Vale Tyropoeon. A norte, foram levados a cabo três importantes empreendimentos. Entre 1925 e 1927, Sukenik e Mayer, da Universidade Hebraica de Jerusalém, puseram a descoberto grandes porções da muralha que se situava mais a norte e que eles denominaram por “a terceira muralha”. Outros sectores desta muralha têm vindo a ser descobertos e escavados ocasionalmente desde então. Johns, do Departamento Britânico de Antiquidades, efectuou escavações dentro da Cidadela entre 1934 e 1940, mostrando que as torres do palácio de Herodes se situavam sobre as fundações que remontavam aos tempos helenísticos. Novas escavações levadas a cabo por R. Amiran e A. Eitan entre 1968 e 1969 aperfeiçoaram e completaram o quadro apresentado por Johns. Entre 1937 e 1938, Hamilton, também do Departamento de Antiquidades, levou a cabo algumas sondagens fora da muralha a norte da actual Antiga Cidade e da Porta de Damasco. As escavações efectuadas junto desta porta foram retomadas por Hennessy entre 1964 e 1966. Mostraram que a actual Porta de Damasco se encaixa numa estrutura que foi originalmente construída por Agripa I no século I DC e que foi, mais tarde, reconstruída por Adriano no século II. Também foram levadas a cabo escavações dentro da cidade, principalmente em conventos e igrejas. Estas escavações esclareceram algumas questões relativas à extensão da Torre de Antónia, à cidade do tempo de Constantino e às estruturas erigidas no seu tempo. Têm sido efectuadas escavações, com resultados extremamente importantes, desde 1961, primeiro por K. Kenyon até 1967 e desde a guerra dos seis dias, em 1967, por arqueólogos judaicos. Só aqui serão mencionadas as mais importantes. As escavações de Kenyon clarificaram e corrigiram descobertas anteriores das fortificações antigas na zona este de Ofel. Ela descobriu as muralhas jebusaicas e davídicas da antiga Jerusalém e provou que as ruínas das fortificações (que se pensavam ser do tempo dos jebuseus e de David) foram, de facto, erigidas por Neemias. Em Muristan, a sul da Igreja do Santo Sepulcro, foi escavado um fosso no leito de uma rocha, mostrando que esta área se situava fora das muralhas da cidade no tempo de Cristo. Estas provas foram mais tarde confirmadas por escavações levadas a cabo por U. Lux durante as obras de restauro da Igreja Luterana do Redentor, que se situa entre Muritan e a Igreja do Santo Sepulcro. Estas descobertas mostraram que o Santo Sepulcro, construído no século IV e no local que os cristãos contemporâneos consideravam como sendo o lugar onde a crucificação e o sepultamento de Cristo aconteceram, se localizava num sítio que, no tempo de Cristo, ficava fora da cidade. Portanto, é possível que este local tradicional seja o local dos sofrimentos e ressurreição de Cristo. As escavações efectuadas por Mazar desde 1968 a oeste e a sul da área do templo colocaram a descoberto, para além das ruínas da Jerusalém bizantina e islâmica, importantes achados da cidade herodiana do tempo de Cristo. Estes achados incluíam umas escadas monumentais com 64 metros de largura e que iam desde Ofel, a zona baixa de Jerusalém, até à Porta de Hulda, que dava acesso à área do Templo, para quem vinha do sul. As escavações realizadas no bairro judaico da Cidade Velha desde 1969 sob a direcção de Avigad mostraram as ruínas de várias casas destruídas em 70 DC. Ainda continham muitos dos seus utensílios e móveis. A mais importante descoberta, contudo, foi uma secção da muralha da cidade, erigida no século VIII AC provavelmente pelo rei Ezequias, que cercou a nova área situada no monte ocidental de Jerusalém. Foram escavados cerca de 65 metros desta muralha, que tem cerca de 7 metros de largura e que foi preservada até uma altura de 3 metros. Também foi descoberta por Avigad uma torre pertencente à muralha ocidental de Jerusalém e que se provou ter sido destruída pelos babilónios em 586 AC. Estas descobertas necessitaram da correcção do plano da antiga Jerusalém. IV - Os Resultados de Um Século de Investigações Arqueológicas em Jerusalém - Embora ainda não tivessem sido resolvidos muitos dos problemas históricos e topográficos, poderão mencionar-se alguns resultados positivos. A localização e tamanho da Jerusalém jebusaica e da Cidade de David foram estabelecidos com toda a certeza. Também o percurso das muralhas dessa cidade mais antiga e a localização de algumas das suas portas podem agora ser conhecidos. As obras relativas ao transporte de água efectuadas pelos jebuseus e por Ezequias foram exploradas. Também a extensão aproximada da área do templo e a localização do templo dentro dessa área foram estabelecidas. Igualmente conhecidas são a localização e extensão da Torre de Antónia, do palácio de Herodes, do tanque de Betesda, do tanque de Siloam, da nascente de Giom, do poço de Enrogel e dos Vales Cedrom e Hinom. Ainda por conhecer está a maior parte do percurso exacto das muralhas da cidade durante os vários períodos da história da antiga Jerusal |